A Web em Realtime

Ontem tive a oportunidade de visitar uma empresa portuguesa e conhecer melhor os produtos e a tecnologia que eles estão a desenvolver. Falo da IBT e da tecnologia Realtime que é por eles desenvolvida e comercializada.

Fiquei verdadeiramente impressionado. Não só pela tecnologia per si, mas ainda mais pelo sentido de oportunidade e visão que eles demonstram ter. A tecnologia base onde a plataforma Realtime se apoia está disponível há relativamente pouco tempo -desde que começaram a aparecer os primeiros browsers com suporte a HTML5 e a Web Sockets- e é muito bom existir uma empresa de tecnologia portuguesa que esteja na vanguarda mundial de um processo revolucionário a que vamos assistir dentro em breve. Na forma como algumas aplicações são desenvolvidas e irão interagir connosco.

Será provavelmente um processo mais tecnológico e que não será percebido como revolucionário pelo utilizador final. Afinal, o impacto no utilizador final será “apenas” uma melhoria enorme na experiência de utilização de algumas aplicações. Quem não passou já pelas seguintes experiências:

  • Estar a seguir as incidências de um jogo de futebol num qualquer site desportivo e ter que esperar pelos menos 60 a 90 segundos para que o resultado seja atualizado? E ter que estar constantemente a fazer F5 para ver se tem os resultados mais cedo? (às vezes nem isso resulta por causa das caches que existem por todo o lado na Web)
  • Estar a comprar bilhetes para o cinema ou para o comboio e ser avisado que tem que se despachar, porque só garantem os lugares escolhidos por 5/10/15 minutos. E se eu desistir e sair do site? Os lugares ficarão indisponíveis para os outros utilizadores pelo menos por mais 10 minutos. Seria muito mais interessante perceber o que se está a passar e quais os lugares que estão a ser comprados/reservados e/ou a ficarem livres naquele exato momento.
  • Estar a seguir um site noticioso e ter que estar a fazer F5 para ver se determinado conteúdo ou noticia é atualizado.

Todas estas experiências relativamente desagradáveis vão beneficiar desta tecnologia. No fundo o que esta tecnologia permite é que de forma muito simples os utilizadores interajam em  tempo real com os produtores de conteúdos e/ou outros utilizadores com os mesmos interesses. No site do  Diário Económico está já há algum tempo um excelente exemplo da utilização da tecnologia (veja p.ex os comentários das notícias).

E para as empresas, “owners” de sites e publicitários? Ontem assiti a uma demonstração da utilização da tecnologia que me deixou tremendamente surpreendido. Tratava-se de monitorar um site real de vendas onde os utilizadores estavam a fazer compras. De uma forma extremamente simples era possível filtrar os utilizadores que estavam online naquele preciso momento e enviar um voucher de desconto. O exemplo que me foi dado a ver, foi filtrar todos os utilizadores que tinham mais que um produto no Carrinho de Compras e cuja soma fosse superior a 500 Euros.  Em seguida e com apenas 2 clicks foi escolhido um voucher de 10 Euros para  ser enviado a esses utilizadores. Menos de um segundo depois apareceu no browser desses utilizadores uma janela a informá-los que tinham ganho um desconto de 10 Euros. Não poderia haver uma forma mais directa de estimular a venda!

Estes são apenas alguns exemplos do impacto que esta tecnologia poderá ter. No site da plataforma Realtime existe um conjunto grande de exemplos que vale a pena ver e experimentar. E não falei dos impactos nas aplicações mobile …

As novidades não são só para os utilizadores finais e/ou para os vendedores ou responsáveis pelas aplicações.  Para os financeiros e donos dos sites tudo ficará bastante mais fácil e bastante mais barato. Porque requer muito menos recursos de computação -menos servidores- e é muito mais fácil de programar -menos horas de programação-.

A empresa portuguesa não está sozinha no mercado. Já existe um conjunto importante de concorrentes mas, e da análise que fiz, a plataforma Realtime está mesmo muito bem posicionada.

Em termos de arquitectura técnica utiliza uma plataforma Cloud (alojada na Amazon) que lhe garante que pode crescer rapidamente e de forma muita elástica. Isto quer dizer que as empresas que quiserem utilizar a tecnologia não precisam investir em servidores. Poderão simplesmente utilizar os servidores onde está alojada a plataforma. Claro que a plataforma pode ser instalada on premises mas a empresa recomenda que seja usada a plataforma Cloud. Com toda a razão, digo eu.

Resta-me dizer a única coisa que não gostei tanto. Eu estou habituado a que, quando quero usar uma tecnologia, poder consultar os preços e, se desejar, comprar e começar a usar sem precisar de qualquer outro contato com a empresa vendedora. No site atual da plataforma não é possível fazer isso. A tecnologia está disponível para ser experimentada sem custos 🙂  mas, para saber os preços e os tarifários de utilização real, assim como para assinar algum dos tarifários terá sempre que contactar a empresa. Penso que isto poderá ser de alguma forma inibidor de uma massificação mais rápida.